Deputados reagiram negativamente à proposta entregue ontem pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso, que atrelou a discussão da Previdência dos militares à reestruturação das carreiras das Forças Armadas. Até mesmo entre os parlamentares da base há uma impressão de que a reestruturação dá um recado errado à sociedade. Para o delegado Waldir (PSL-GO), líder do partido do presidente na Casa, é necessário analisar com cuidado a medida.
“Penso que é um dialogo que não era o momento para estar sendo discutido”, pois a medida traz custos à União no momento em que o governo precisa trabalhar mais o convencimento dos parlamentares.
O líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento (BA), afirma que a concessão aos militares poderia abrir caminho para se fazer o mesmo entre civis: “Se começa a fazer concessões, o risco é desfigurar completamente a proposta aqui. Poderia ter reestruturação (de carreira) para civis também, abrir caminho para isso. Inclusive para nós, que estamos há quatro anos sem ajuste. Isso pode contaminar o ambiente e os outros segmentos”, disse o parlamentar. Ele afirmou que ainda não viu a proposta do governo, mas que pretende verificar se não seria possível ter aplicado uma “equidade maior” em comparação com a reforma geral da Previdência.
Para lideranças ouvidas reservadamente pelo Estado, o caminho da Previdência, que era considerado “complicado”, ficou “muito difícil”. Até entre membros governistas da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), onde Planalto via uma votação tranquila, acham que a proposta pode encontrar barreiras.
“Temos de tratar todos da mesma forma. Não dá para ser seletivo e privilegiar uma categoria sob risco de prejudicar toda a tramitação da reforma da Previdência”, completou Nascimento.
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