O presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para desautorizar o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, sobre a criação de um novo imposto "contra as igrejas", em um vídeo publicado nesta segunda-feira.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Cintra afirmou que a Contribuição Previdenciária (CP), um tributo que incidiria sobre todas as transações financeiras, bancárias ou não, com alíquota de 0,9% e rateado entre as duas pontas da operação (quem paga e quem recebe), seria paga até por fiéis ao contribuir com o dízimo.
- Fui surpreendido nesta manhã por uma declaração do nosso secretário da Receita de que seria criado um novo imposto para Receita. Eu quero me dirigir a todos vocês dizendo que essa informação não procede - declarou Bolsonaro.
- No nosso governo nenhum novo imposto será criado, em especial contra as igrejas que, além de ter um excelente trabalho social prestado a toda comunidade, reclamam elas, em parte com razão no meu entendimento, que é uma bitributação nesta área. Então, bem claro, não haverá um novo imposto para as igrejas.
Na entrevista, Cintra reconheceu que a medida seria polêmica, mas explicou que "todo mundo" vai pagar o imposto, da igreja à economia informal e contrabando. A criação da CP integra a proposta de reforma tributária que está sendo elaborada pelo secretário e tem como objetivo substituir a contribuição sobre os salários. Segundo Cinta, "vai ser pecado tributar salário no Brasil". Durante a campanha, a bancada evangélica no Congresso declarou apoio a Bolsonaro. Uma iniciativa que atingisse as igrejas provocaria atritos com uma das principais bases do presidente.
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro desautoriza informações de integrantes de sua equipe. Em novembro do ano passado, antes de tomar posse, ele negou a intenção de recriar a CPMF para custear a Previdência. Durante a campanha, a menção à volta da contribuição já havia gerado uma crise entre o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, e o então candidato Bolsonaro.
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