O governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira a criação de um centro de contingência para monitorar casos de coronavírus no Estado. A decisão foi tomada depois que o primeiro caso da doença no Brasil foi confirmado na capital paulista. Segundo o Ministério da Saúde, outros vinte casos estão em investigação, sendo onze em São Paulo, informa O Globo.
A função do centro de contingência será coordenar ações contra a propagação do Covid-19. O local será presidido pelo infectologista David Uip e contará com profissionais do Instituto Butantan e médicos das redes pública e privada, sob a supervisão do Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann.
O paciente com a confirmação da doença é um homem de 61 anos, que mora em São Paulo e viajou ao norte da Itália. Segundo o secretário-executivo da Secretaria de Saúde, Alberto Kanamura, além dos trinta familiares que tiveram contato ele, durante almoço no domingo, também foram identificados quatro passageiros de São Paulo que estavam no voo no qual ele chegou ao Brasil, procedente de Milão.
"Todas as medidas foram tomadas, a população do município pode ficar tranquila. Há quatro contactantes no Estado de São Paulo, que foram contatados e informados sobre o caso e devem ficar atentos a possíveis sintomas", afirmou Solange Saboia, coordenadora da Vigilância em Saúde do município (Covisa), durante coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira.
O paciente com coronavírus está em isolamento domiciliar. Segundo os profissionais que fazem parte do centro de contingência, as pessoas que tiveram contato com o paciente não são consideradas casos suspeitos se não apresentarem sintomas da doença. Também não é necessária a realização de quarentena para quem teve contato.
Apesar disso, o governo federal considera que dos vinte casos suspeitos no Brasil, um não viajou para fora do Brasil, mas teve contato com o caso confirmado na Capital.
"Fizemos sugestões aos contatos mais diretos que evitem aglomerações, maior número de pessoas. E o caso [confirmado] está em isolamento domiciliar, usa máscara, existe um protocolo de eliminação de resíduos domiciliares. O lixo tem todo um protocolo, estão todos orientados", disse Solange Saboia.
O infectologista David Uip afirmou que o setor público está preparado para lidar com a doença.
"Nós temos a atenção primária, que é dos municípios. A intermediária são os ambulatórios especializados. E os hospitais de grande complexidade, esses estão no fim da linha, só pros casos graves. O Estado de São Paulo tem um número de leitos muito suficiente. São mais de sete mil leitos de UTI distribuídos por todo o Estado, então nós temos competência pra atender aquilo que for preciso".
O primeiro caso de coronavírus na América Latina foi confirmado nesta quarta-feira pelo Ministério da Saúde. Além dele, há outros vinte casos em investigação e 59 suspeitas já foram descartadas.
O paciente é um homem que mora em São Paulo e viajou ao norte da Itália. De acordo com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o paciente com Covid-19 estava assintomático e, depois de alguns dias, procurou um serviço de saúde com sintomas respiratórios. Antes, ele havia participado de uma reunião familiar, o que levou o Ministério da Saúde a colocar trinta trinta pessoas que tiveram contato com ele em observação.
A confirmação da infecção por coronavírus foi feita pelo hospital Albert Einstein, que registrou a suspeita e fez um teste, que deu positivo. O caso foi para o Instituto Adolfo Lutz para contraprova, que foi concluído em três horas, confirmando o resultado.
Em nota, o hospital Albert Einstein informou que "o paciente encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias".
A instituição disse ainda que "a equipe médica segue monitorando-o ativamente, assim como as pessoas que tiveram contato próximo com ele".
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